terça-feira, 2 de abril de 2019

BOTAS DO MAL

Uma amiga e eu havíamos marcado de nos encontrar. Haveria uma festividade na igreja dela e ela me convidara. O tempo estava frio e nos vestimos, conforme o clima exigia. Ela havia ganhado, poucos dias antes, um par de botas pretas usadas, mas que aparentemente estavam em bom estado de conservação. Decidiu usar a dita cuja, justamente para ir ao evento da igreja. Na hora marcada nos encontramos e fomos rumo à festividade. Foram com a gente alguns parentes dela também: mãe, irmão, primos.
A festividade estava muito bonita e todos nós estávamos muito contentes. Tudo corria bem, até que para o desespero da minha amiga, uma das botas dela soltara o salto bem na parte de trás. Todos tentaram ajudar. Eu, com minha criatividade, à flor da pele, pensei logo em colar com esparadrapo o salto da tal bota que se soltara. Conseguimos esparadrapo e durex com uma senhora da igreja e assim foi: Colei tanto esparadrapo na tal bota que a bendita ficou até pesada. Ficamos todos mais tranquilos, já que parecia que o esparadrapo havia de fato grudado o salto da bota.
Alguns minutos se passaram e o anda para cá e para lá da minha amiga fez o esparadrapo se soltar. Lá fui eu colar mais durex, esparadrapo e o que mais tivesse cola no salto da danada da bota, tamanho 42. Para alivio de todos e principalmente da minha amiga, pareceu que o danado do salto havia se conformado de vez em ficar de onde nunca deveria ter saído.
A festividade foi muito boa e assim que terminou todos nós caminhamos até o terminal rodoviário. Tivemos de passar por uma passarela para chegarmos até a parte onde ficavam os ônibus. O caminho era mais estreito do que parecia, devido ao vai e vem das outras pessoas e aos camelôs, que ficavam parados nas laterais, vendendo suas mercadorias. Fomos andando um atrás do outro e minha amiga ficou para trás. Acredito que por estar com dificuldades de andar devido a tanto peso em uma bota só, afinal deveria ter dois quilos de esparadrapo na coitada da bota.
Assim que terminamos o percurso na passarela, descemos uma escadaria que dava acesso para dentro do terminal, e assim que ela terminou de descer nos disse: Perdi a sola da bota! – sim, exatamente, a sola inteira da bota! Eu ria tanto, que minha barriga doía. Ela não gostou, mas foi impossível não rir. Só de imaginar aquela sola cheia de esparadrapo ficando para trás... Ela ainda completou: O camelô ainda me avisou gritando – Ei menina! Volta aqui! Sua sola ficou para trás!
Ela que já havia começado a andar depressa, quando percebeu que perdera a sola inteira, começou a andar mais rápido ainda, deixando de vez a coitada da sola para trás, que deveria estar muito ferida - de certo pensaram - pela quantidade de esparadrapo que tinha a pobrezinha.
Não sei qual foi o mais engraçado: ela perder a sola inteira cheia de esparadrapo e durex ou ficar andando depois: pisando fundo; pisando raso. Enfim, mas de uma coisa eu tenho certeza: aquelas botas eram do mal.


sexta-feira, 18 de maio de 2018

UM DOCE EM MINHA VIDA

Mulher em casa é um perigo, pois parece que a compulsão
por comer besteiras só aumenta,
e foi assim que Genoveva ligou para o marido Romildo,
que aquela altura do dia, certamente estava com mil tarefas no trabalho:

Genoveva: Amor, você vai passar por alguma loja de doces hoje?
Romildo: Não sei, acho que não. Por quê?
Genoveva: É que estou com uma vontade
de chupar pirulito de cereja. _ Disse ela com a voz tranquila e macia.
Romildo: Acho que tem uma aqui, mas é longe pra mim...
Genoveva: Ah... então deixa pra lá. _ respondeu com a voz entristecida.
Romildo: Então está bom... era só isso?
Genoveva: Só...
Romildo: Então tchau, amor.
Genoveva: Tchau... SEU FILHO VAI NASCER COM CARA DE PIRULITO!
_ Disse ela emendando o tchau de forma inesperada, levando o marido às gargalhadas.
(O detalhe é quem nem grávida ela estava).
Ela acabou ganhando o pirulito, mas não era de cereja.
Bom, mas o que valeu mesmo foi a intenção e o cuidado,
para que o filho que nem estava a caminho ainda,
não nascesse com cara de pirulito.